sábado, 8 de junho de 2013

Só conheces realmente uma pessoa quando moras com ela - I

Nestes meus anos a viver fora de casa já vivi com mais de 20 pessoas (mudei muitas vezes e em muitas casas havia demasiada gente) e é das coisas mais complicadas pela qual um estudante passa.
Feitios diferentes, horários diferentes, modos de vida diferentes, línguas diferentes ... acho que já passei por tudo o que era possível (ok, ainda me falta viver com um travesti).

As idas para uma nova casa começam todas da mesma forma: todos são muito amiguinhos e tudo parece correr bem durante ... 1 mês (isto a ser simpática em alguns dos casos). Depois de se deixar a fase do "tenho de ter tudo arrumadinho para não acharem que sou um labrego", começa o "estou-me a c*gar para ti". Parece que as pessoas passam a importar-se pouco com a harmonia da casa e começa tudo aos empurrões. A vontade de fazer limpezas começa a não aparecer, o bater das portas começa a surgir e tudo aquilo que havia para o ano correr bem, começa a não querer voltar.

Já tive bons colegas de casa e também já tive péssimos, mas acho que isso é completamente natural. Tenho a dizer que as pessoas de Erasmus são super desarrumadas (as com que vivi) e que como eu era a minoria da casa, acabava sempre por levar com as culpas de tudo (apesar de pouco comer e dormir em casa). A maioria vem para Faro de férias (muito basicamente), portanto acordares às 5 da manhã porque alguém chegou a casa e trouxe Espanha inteira consigo para comer batatas fritas, é normal!
Ok, até já devo ter feito coisas parecidas (com menos gente ao barulho), mas a coisa que menos suporto é visitas e pessoas que se colam às nossas casas. Refiro-me a namorados. No meu primeiro ano em Faro vivi essa experiência pela primeira vez.
Vivia com uma das minhas grandes amigas do secundário mas as coisas não correram bem (pessoas que entram no teu quarto, te usam as coisas e não devolvem não são bem tuas amigas) e por isso, fui viver com uma outra amiga minha (que já conhecia muito bem) e com outra rapariga (obrigada Íris por teres sido uma colega de casa muito fofinha). Os primeiros tempos correram bem e nada fazia prever o final atribulado. Lá para Maio, a colega de casa fofinha foi para a terra dela e fiquei só com a outra. Um certo dia chego ao frigorífico e vejo que não tinha espaço para as minhas coisas e apercebi-me que deviam ser do namorado dela. Pensei que era coisa de um ou dois dias e ele ia para a casa dele. BURRA! O senhor acabou por "abancar" lá em casa e quem tinha de aguentar era eu. É lixado perder a minha privacidade porque os pombos queriam viver juntos e eu ali, de vela.
A partir do dia em que me apercebi do que se passava, comecei a evitar estar em casa. Não sentia que a casa fosse minha e irritava-me o senhor F. viver ali e não pagar ponta de um c*rno. . .
Um dia, a minha colega pergunta-me se estou chateada com a situação e eu como é óbvio aproveitei para dizer tudo o que tinha acumulado durante aqueles dias. Como podem imaginar, não correu bem. Vieram discussões atrás de discussões e no final, quando eu já tinha avisado a senhoria de que lá ficava a morar no ano seguinte, ela fez com que a senhoria já não me quisesse lá.

E pronto, este foi o primeiro capítulo da minha experiência a viver com estranhos (que nem sempre o são).

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